Arthur Bispo do Rosário

Em 1980, durante a gravação de uma matéria para o Fantástico, da TV Globo, o repórter Samuel Wainer Filho, descobre na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, Arthur Bispo do Rosário.  Interno intermitentemente desde os anos 1940 com o diagnóstico de esquizofrenia paranoide, Bispo do Rosário produziu mais de 1.000 peças, entre justaposições de objetos e bordados, sempre com materiais disponíveis na Colônia, como roupas e sapatos dos próprios internos, canecas de alumínio, botões, colheres e objetos vários, achados ou recebidos de amigos e ou visitantes. Bispo desfiava os uniformes, para conseguir fios para seus bordados. Seus trabalhos eram uma espécie de inventário do mundo para o dia do Juízo Final, quando pretendia se apresentar a Deus em seu manto especial, representando todos os homens e objetos da terra. No manto, nomes de pessoas pelas quais Bispo intercederia junto a Deus, tarefa imposta por vozes que ele dizia ouvir. Reconhecido como artista, Bispo participou, em 1982, na mostra À Margem da Vida, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Sua primeira exposição individual, também aconteceu no MAM/RJ. O crítico de arte Frederico Morais escreve sobre Bispo, ligando-o à arte de vanguarda, à arte pop, ao novo realismo e especialmente à obra de Marcel Duchamp. Em 1995, com uma vasta seleção de peças, Bispo representa o Brasil na Bienal de Veneza e obtém reconhecimento internacional. Sua obra torna-se uma das referências para as gerações de artistas brasileiros dos anos 1980 e 1990. A Colônia Juliano Moreira é hoje o Museu Bispo do Rosário.

Manto lindo de Artur Bispo do Rosário, um de seus trabalhos mais conhecidos, e com o qual pretendia se apresentar a Deus no dia do Juízo Final.

Artur Bispo do Rosário com seu Manto da Apresentação.

Fardões foram um tema recorrente na obra de Bispo do Rosário.

Ele bordou no lado interno do Manto da Apresentação, palavras, nomes, acontecimentos. Um retrato do mundo sob a ótica de uma artista nato.

O trabalho de Bispo poderia ter ficado para sempre na Colônia se não fosse a curiosidade e preparo de Wainer para reconhecer um excelente artista. Filho de Danuza Leão, o repórter entendeu a importância do que estava vendo em primeira mão.

O artista tem mais de 1.000 obras catalogadas.

Marinheiro na juventude, Bispo trabalhou com afinco o tema.

Justaposição de objetos.

"21 veleiros", outra das obras que tem como tema a marinha.

Obra exibida na XXX Bienal em São Paulo.

museubispodorosario.com

 itaucultural.org.br; vam.ac.uk

Fotos: Dani Arrais, Raul Lisboa, Rodrigo Lopes

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