André Lima em entrevista exclusiva para Hardecor, conta um pouco de sua vida no Pará e fala sobre sua trajetória, desde a chegada em São Paulo até o sucesso absoluto em que transformou seu nome. André é muito simpático, e narra empolgado suas histórias, que trata de forma leve e bem humorada. André viveu na infância, em um casarão com a mãe, professora de matemática e português; a avó, costureira e três tias. Seu pai era comerciante de tecidos e viajava entre a capital e o pequeno município de Gurupá, localizado em uma ilha no rio Amazonas, a dois dias e meio de barco. O menino André acompanhava o pai em algumas dessas viagens. Ainda em Belém, onde viveu a cena underground dos anos 1980, iniciou sua carreira. Mudou-se para São Paulo em 1992, onde trabalhou como produtor de figurinos para programas de televisão. Em 1999, André foi convidado para participar da Casa de Criadores, um evento de lançamento de novos estilistas. Seu desfile feminino de estréia contou um pouco de sua história: desde pequeno ele colecionava restos de tecidos vendidos por seu pai e com eles criou vestidos, misturando tramas e cores, embalado pela voz de Maria Bethânia, grande fonte de inspiração para o estilista. Em 2007, André amplia sua coleção e lança a linha Dia de André Lima com looks urbanos, confeccionados em algodão. Lançada em 2008, a Coleção Moda Brasileira, iniciativa da editora Cosac Naify no mercado editorial nacional, traça um panorama da moda contemporânea produzida no Brasil no início do século XXI e inclui uma biografia sua. Mais? Veja segunda-feira a segunda parte da entrevista! Até lá!
Hardecor: André, eu gostaria que você falasse um pouco sobre sua vida profissional.
André Lima: Bom, acho que estou vivendo o momento mais livre e promissor da minha vida porque quando eu comecei a trabalhar com moda, na verdade como estilista com a minha marca em 1999, o mercado te direcionava para um único caminho. Você tinha que montar um showroom, tinha que ter uma oficina gigante, você tinha que vender para pelo menos 80 pontos de venda no Brasil, você tinha que ser um sucesso no atacado e você tinha que fazer o SPFW (São Paulo Fashion Week). Então, graças a Deus essas coisas todas eu fiz. O que eu senti foi que o mundo começou a mudar e a evoluir de um jeito onde o estilista precisa se destacar um pouco do business, da administração, do negócio pra que realmente seu potencial criativo seja colocado em primeiro lugar. E eu comecei a perceber também que existiam muitas demandas criativas e profissionais que eu não conseguia atingir, embora me dessem muita satisfação profissional exatamente por causa disso, por ter uma estrutura que funcionava única e exclusivamente na minha mão. E em 2014 eu decidi que eu queria ter um vôo livre, ficar mais tranquilo pra poder experimentar o novo. Fechei o ateliê, doei o meu acervo e comecei a fazer trabalho de consultoria, coleções cápsula e licenciamentos, onde eu poderia atingir um público mais amplo. Então mudou completamente aquela coisa dos horários, os compromissos, da necessidade de fazer parte de um mecanismo que sendo super sincero, eu sentia que já estava em decomposição geral, quer dizer, a gente viveu uma crise, vem vivendo uma crise que começou a ser anunciada em 2008/2009, mas que começou a reverberar de uma maneira muito forte no mercado de moda, principalmente porque as tecelagens todas no Brasil fecharam. Tudo o que a gente tinha de desenvolvimento exclusivo de tecido, acabou, o parque industrial aqui se tornou simplesmente um parque de importação de tecidos, e o único beneficiamento que a gente tem aqui, é a estamparia. O Brasil era um produtor de seda que exportava para o mundo inteiro, e as fiações, as tecelagens, tudo acabou indo por água abaixo. A matéria prima do meu trabalho sempre foi a seda, sempre trabalhei com tecidos nobres… então comecei a sentir que aquilo tudo que eu tinha feito e que eu fazia, já não fazia mais sentido. Foi quando eu decidi fazer essa mudança, e em 2014 já engrenei alguns trabalhos de coleções cápsula, uma para a TVZ, depois logo na sequencia comecei um trabalho como diretor criativo no lançamento da NU, do grupo Hope. Meu trabalho era capacitar a equipe de um gigante da lingerie para fazer fitness e praia que era uma coisa completamente diferente do business deles…
H: E os produtos de decoração, André?
AL: Eu estava no auge dessa história de ateliê, em 2008, ano que fiz masculino, decoração, lancei uma linha dia, além da minha linha noite, lancei um livro, então foi assim aquele boom criativo dentro da minha marca…adoro fazer decoração, eu fiz arquitetura né, eu não me formei mas estudei arquitetura, eu não sou formado nem nunca estudei moda, então pra mim decoração é uma coisa que ainda está nos meus planos, calma (risos)! Começar a ser chamado para fazer trabalhos solo começou a acontecer de maneira muito forte, então fiquei um ano e meio na Hope, montei toda a estrutura deles pra fazer a NU e logo na sequencia sai e comecei um trabalho grande com o Sebrae do Pará, um órgão que tem um papel fundamental no fomento ao desenvolvimento, principalmente de moda, e eu sentia que especificamente no Pará, por ser minha terra, seria promissor. A gente tem três faculdades de moda, pessoas ávidas para consumir moda. O público do Pará adora uma novidade e faltava alguém que justamente costurasse isto e trouxesse um olhar do sul, uma visão de pontos que precisavam ser levados até eles e foi quando a gente começou a amarrar essa parceria com o Sebrae. Fiz durante seis meses esse trabalho e também fiz um workshop e um talkshow.
H: Qual é o papel do criador no mercado contemporâneo?
AL: O posicionamento dos estilistas mudou, o trabalho criativo abriu o leque, abrangeu outras possibilidades que antes ficavam muito encobertas em função dessa questão de estar à frente de uma marca, de ser dono, de trabalhar pra vender essa marca, o que engessava muito o trabalho. Foi quando eu descobri uma coisa muito interessante, que é o quanto o consumo hoje funciona como funcionava nos anos 1990, lá quando eu comecei, com um desejo por novidades e a possibilidade de você sobreviver trabalhando nichos de mercado e não necessariamente querendo abraçar o mercado inteiro, o que acabou ficando ou para as grandes marcas de luxo ou para o fast fashion. Então hoje o mercado não tem mais esse espaço para os médios, ele tem espaço para os pequenos criativos que atendem o seu público, e que trabalham praticamente isolados com equipes muito reduzidas costurando, bordando, pintando, transformando. Em cima disso, decidi pegar os tecidos que eu tinha guardado em quase 20 anos de carreira. Antes da estamparia digital, quando você ia fazer uma estampa, você tinha que fazer 200, 300 metros. Então eu tinha, e tenho ainda, montes de tecidos, de estampas, e resolvi fazer essa linha que chamo de roupa pra usar no vento, que não tem muito uma época. Foi lançada como uma coleção de resort em um evento em São Paulo, depois viajei com ela para Belém, e em seguida, os eventos em lojas, onde faço tiragens limitadas de até 6, no máximo 10 peças de cada mistura. Não tenho o compromisso de fazer coleções gigantes com 300 modelos como eu fazia, o que hoje é uma insanidade. Crio modelos que eu consigo vender durante o ano inteiro, durante mais de um ano só trocando o tecido, são peças que você acaba misturando umas com as outras em função delas terem uma mistura de estampas que propicia isso. A linguagem é exatamente essa, e no meio disso tudo apareceu a televisão. Um programa que fala de pequenos artistas, pequenos artesãos trabalhando em casa ou em pequenos ateliês e atendendo um grupo pequeno de pessoas. O “Caixa de Costura”, do GNT, que estreou em abril passado, contava com a Patrícia Poeta e Isabela Capeto, mostrando exatamente esse lado de faça você mesmo, quem são essas novas pessoas e a nova linguagem, e muitos temas importantes. Se eu estivesse com o ateliê eu jamais poderia me dedicar a ficar 20 dias gravando das 07:30 da manhã às 21:30 um programa, então isso abriu também uma porta deliciosa que é uma coisa que eu quero continuar fazendo, e eu quero fazer televisão para o resto da minha vida.
H: Fale sobre a exposição na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado)
AL: Uma das doações que eu fiz foi para a FAAP, que apesar de ter um curso de moda muito interessante com uma grade curricular muito boa, não tinha acervo de roupa e quando eu fiz a doação, outros estilistas como Reinaldo Lourenço e Alexandre Herchcovitch, entre outros, também doaram peças dos seus acervos. Isso se transformou em uma exposição de moda brasileira. Também doei algumas das minhas roupas para o Museu de Arte do Rio (MAR) e a única peça que eles tinham lá era a tanga que a Josephine Baker dançou no Rio de Janeiro nos anos 1930. (risos) Participei de uma exposição lá, há 02 ou 03 anos, sobre artistas de temática amazônica.
H: Você também faz algumas palestras…
AL: Hoje eu consigo estar mais perto de jovens estudantes, de pessoas que estão no começo de formação exatamente para falar desse mercado, quem está do lado de fora acha que vai, enfim, fazer uma faculdade, sair e se formar e do dia pra noite virar o…
H: O André Lima (risos)
AL: Eu brinco que é o Alexandre Herchcovithc, porque o Herchcovithc fez faculdade, então na época ele era muito representativo. Não basta só você frequentar uma faculdade e sair com o diploma e achar que vai sair e montar uma marca, e outra coisa, montar uma marca não é mais a mesma coisa que era antes. Então você atualizar essas pessoas através da sua formação, da informação, para que eles encontrem um mercado sem romantismo e onde a criação possa ser legitimada pela venda, pela aceitação das peças no mercado. É a junção da experiência e o expertise da indústria, a formação de artistas e de estilistas e de criadores dentro das suas especificidades. Uma orientação para que eles procurem autoria, autonomia. Sinto muita falta nos eventos de moda do elenco de 10, 12 anos atrás, onde você tinha realmente artistas autores desfilando e esses autores acabaram alimentando o mercado. Com a entrada das marcas internacionais, com toda a escalada da China na questão produtiva acho que isso tudo se perdeu, e agora penso que a gente vive um momento de renascimento da moda brasileira…
H: De transição talvez…
AL: De transição, mas de um renascimento como eu não sentia há um tempo. A transição já vinha acontecendo, mas era uma transição onde parecia que estava todo mundo no sistema cada um por si, e hoje em dia eu vejo cooperativas, eu vejo as pessoas compartilharem estruturas de produção, de desenvolvimento compartilhadas, acho que isso é nada mais do que o reflexo de um mundo em reconstrução, onde o mais interessante é você criar colaborações, criativas, produtivas ou comerciais. O que me faz sentir muito jovem. Saber que eu posso pegar uma mala, colocar minhas roupas e ir fazer um evento de uma semana em uma cidade X, ir para outra cidade fazer um outro evento…faz eu me sentir com 20 e poucos anos quando fazia Mercado Mundo Mix.
H: Quantos anos você tem André?
AL: Tenho 47, então exatamente, eu estou revivendo esse momento de liberdade, de atuação onde eu acho que o interessante é perceber as possibilidades e se jogar nelas, se me perguntarem assim se eu gostaria de assumir uma grande marca hoje? Eu acho que tudo depende como isso é conversado, de como é formatado, mas eu não gostaria de perder minha liberdade de fazer outras coisas, perder a liberdade de falar com jovens artistas…
H: Porque seria como um retrocesso…
AL: Seria como me fechar num mundo…
H: Que você já viveu e não conseguia sair…
AL: É como me fechar no mundo e guardar as coisas para mim que por um lado, talvez até financeiramente, pudesse ser interessante. Mas por outro lado eu não ia ter a troca que tenho hoje com tanta gente nova, com tanta gente ávida, com tanta gente louca chegando, entendeu? Sou muito de perceber e vivenciar o momento sem nostalgia, tenho uma relação muito forte com o passado, com a história da moda, com o cinema, com história da arte, arquitetura, com expressões estéticas, mas ao mesmo tempo eu não consigo viver de “ai no meu tempo era assim…”, “ai era tão bacana…”, pra mim sempre é bom, pra mim sempre é, se você for inteligente, leve e souber se adaptar, entendeu? Mas também tem uma coisa de ego né? Eu, por tudo que eu acabei vivenciando, pela carreira que eu construí, eu não tenho mais essa necessidade de ficar alimentando ego, dizendo não, eu sou o André, eu sou estilista, eu sou blábláblá… eu, como eu te falei, acho muito mais interessante me sentir jovem e estar junto dos jovens e trocar experiências, porque eles também tem muita coisa pra trazer.
H: Como as descobertas que você fez quando veio para o “sul”, ou quando você começou a se interessar por coisas além daquele lugar que você vivia, foram absorvidas pelo menino de Belém do Pará?
AL: (risos) Olha, eu nunca fiz uma escolha na verdade, de ter nascido em Belém no meio daquela exuberância toda, no meio daquela ancestralidade, daquela mistura do índio com o europeu, isso tudo na minha vida acabou acontecendo naturalmente, eu nasci em uma casa da era da fundação da cidade, uma casa de pedra que tinha capela, que tinha lugar pra escravo…
H: Em Belém?
AL: Em Belém, eu nasci em uma casa na beira do rio Guamar, na cidade velha que é o bairro mais antigo da cidade, onde a cidade surgiu, e minha família era muito antiga. O meu avô era português, comerciante. Meu pai vendia tecidos no interior, em Gurupá, onde ele tinha uma loja. Então isso tudo veio pra minha vida de uma maneira muito natural, eu não percebia que a minha vida era assim, cresci dentro disso. Quando eu tinha quase 20 anos, um amigo estava almoçando em casa, viu o prato em que a gente estava almoçando e disse: “isso é porcelana inglesa…”! Eu nunca tinha na minha vida parado para pensar se aquilo ali era porcelana inglesa, sei que na minha casa tinha muita coisa antiga da época da minha avó, da minha bisavó e ao mesmo tempo eu cresci nos anos 1970 onde tudo era estampado, e na minha família mais ainda. Era toalha de banho, toalha de mesa, colchas, e minha mãe, minha avó e minhas tias costurando. Tudo acabou acontecendo de um jeito natural e um belo dia, depois de ter feito a faculdade de arquitetura e desistido da arquitetura porque (risos) eu achava que eu tinha que fazer arquitetura pós-moderna, e os meus mestres da faculdade queriam fazer arquitetura amazônica sustentável. Eu odiava, achava um absurdo, achava que tinha que colocar ar condicionado em tudo, vidro mesmo, tudo tinha que ser quadrado e decidi ir para São Paulo. Foi quando fui perceber o que era esse mundo, essa distância, e apesar de estar sempre viajando pra São Paulo, para outros lugares, é quando você se fixa que começa a ver isso. Conversando com a Alexandra (Loras) e a gente falando de preconceito, disse que quando cheguei em São Paulo em 1992, senti o preconceito extremo contra o nortista e o nordestino, uma coisa atroz. Fui trabalhar como produtor de moda na revista Vogue e de cara as pessoas ficavam surpresas como eu conhecia a história de Yves Saint Laurent, ou como eu conseguia contar algumas coisas da carreira do Dior. Na cabeça deles eu morava em uma aldeia, viva cheio de plumas, de penas…
H: Como alguns estrangeiros que pensam que aqui a gente anda de cipó.
AL: Um pouco, e assim Belém, que todo mundo que lê um pouco sabe, é uma cidade que lá no ciclo na borracha no século XIX e começo do século XX, as pessoas viviam a Europa mais do que qualquer coisa. Tem uma lenda que fala que mandavam lavar roupa branca na Europa porque a água era muito barrenta, e até hoje tem uma loja em Belém chamada “Paris na América”. É uma loja toda “art nouveau”, a escadaria veio da Inglaterra então… ninguém percebe, ninguém sabia em São Paulo que eu vinha de uma cidade que tinha, as vezes até mais fundamento e cultura do que muitas cidades do sul que se consideram melhor. Eu achava engraçado terem preconceito, mas ao mesmo tempo eram umas pessoas que tinham tão pouca informação e que viviam tão dentro do meio restrito de moda… e eu porra, transitava no meio da arte, no meio da arquitetura e em outros meios. Uma vez trabalhei em um lugar, e fui trabalhar com uma calça de linho e o dono da confecção disse: “olha, está usando linho igual ao patrão” (risos), então são situações que acho engraçadas. Na época eu até achei engraçado, não respondi nada pra ele, e até brinquei: “eu nunca vou ser como o senhor, imagina, o senhor é muito chique.”
H: Eu sou do interior e tenho a teoria de que a gente ficava tão ávido por conhecer, porque a gente está tão longe, então assim, tudo que caia na mão da gente aqui…
AL: Devorava né?
H: Devorava.
H: E o começo, André? Fale um pouco sobre esse momento.
AL: Os primeiros cinco, seis desfiles acabaram comigo. Eu comecei na semana de moda que hoje é a Casa de Criadores, e quando me convidaram para fazer, eu falei não, não vou fazer, e meus amigos da arte me diziam assim, “não, tem que fazer”, mas como? “Não tenho tecido, não tenho dinheiro, não tenho nada, vocês são malucos”… e eu me lembrei de um baú de tecido da minha avó, que se casou com um português, a irmã dela com um italiano e a outra irmã com um alemão, e elas eram extremamente habilidosas. Costuravam, faziam chapéus, luvas, faziam flores. Os tecidos não eram nem de roupa, eram de capa de cadeira, de almofadas e tal. Eu estava vendo televisão, a televisão ficava em cima desse baú e eu maquinando como ia fazer, e: “cacete, está aqui”! Abri o baú, botei um som, botei uma Maria Bethânia e comecei a brincar com esses tecidos, e foi aí que eu comecei a fazer “moulage”. Não tenho formação praticamente nenhuma nesse sentido, não estudei moda nem modelagem, tudo foi muito intuitivo. Fui comprando biografias e livros sobre estilistas que eu admirava, o primeiro foi um livrão do Balenciaga, o segundo foi um livrão do Paul Poiret, então eu acabava estudando sem saber que estava estudando, era como se eu tivesse assistindo um seriado. E juntei esses tecidos com os tecidos de festa que eu ganhei de uma tecelagem super famosa lá de São Paulo, a Tecelagem Francesa, que me deram porque tinha tido uma goteira e os tecidos estavam estragados (risos). E fiz o primeiro desfile, todo estampado em 1999 e na sequencia os desfiles que fiz foram todos execrados até que chegou um belo dia, eu já no terceiro SPFW, e a Regina Guerreiro disse “ó que bacana, é legal e tal” e aí, capa da CARAS, capa disso e capa daquilo e minha carreira decolou. As pessoas começaram a identificar essa coisa de Brasil, Caribe, a exuberância tropical, que pra mim não era um discurso, e aliás, eu nunca gostei de discurso, para mim a roupa sempre foi mais importante. Digo que me comporto, quando estou fazendo uma roupa, como um médico, e quando estou fazendo uma roupa sob medida é pior ainda, porque eu quero que a pessoa fique muda (risos). Sou muito focado, eu sou capaz de ficar 3 horas fazendo uma roupa, coitada da pessoa que está lá em pé sem se mexer. Quero dar o melhor de mim, sou mega perfeccionista, então o foco para mim era expressão, era fazer roupa, saber fazer roupa bem, era aprender a construir uma roupa, era aprender os segredos de como transformar o corpo de uma mulher, deixar o corpo de uma mulher melhor. Então esse era o meu oficio. Quando as pessoas começaram a identificar esse lado dessa brasilidade que todo mundo fala… não era o meu foco, claro que também não era o meu foco querer ser francês ou inglês como muitos dos meus colegas, que se pudessem não tinham nem nascido aqui né? Eu teria nascido onde eu nasci, na casa onde eu nasci, do jeito que eu nasci, teria feito tudo igual, pelo prazer que isso me traz.
Veja segunda-feira a segunda parte da entrevista! Até lá!
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