A vila no coração de Maó, cidade espanhola, ficou vazia por uns bons 20 anos e plantas e animais a conquistaram. Então Benito Escat e Pol Castells, designers do escritório Quintana Partners, sucumbiram ao encanto da bela ruína e devolveram à casa seu antigo esplendor. Os historiadores são geralmente considerados profetas voltados para o passado. A este respeito os profissionais dizem que ouvem as vozes dos tempos enterrados e vêem a elegância ao invés de paredes miseravelmente abandonadas. É por isso que a dupla não se intimidou com a monstruosidade podre no coração de Maó, capital das ilhas Baleares de Menorca, nem com os inúmeros pombos, nem mesmo com a selva lá dentro, nem com as garrafas e latas cheias de líquidos duvidosos ou o grande buraco no telhado. Porque sob a sujeira, gavinhas e esqueletos de animais, ladrilhos de cimento com lindos padrões e pisos em tons quentes das pedreiras locais brilhavam aqui e ali, atrás de papel de parede rachado e sob camadas quebradiças de tinta, eles avistaram pinturas de parede originais e magníficas portas duplas com ornamentos de vidro. Na verdade, a turma do Quintana, “teve que encorajar os atuais proprietários, que, para dizer o mínimo, hesitaram em comprar. O proprietário anterior herdou a casa quando ele tinha apenas 20 anos – e então a ignorou por todo esse tempo”, diz Castells. Ele e seu sócio e parceiro de vida Escat investiram dois anos de trabalho no projeto, descascando camada após camada, descobrindo pacientemente o que foi construído há mais de 150 anos no estilo britânico típico da ilha (a Inglaterra ocupou a ilha três vezes de 1708 em diante). “A casa tem apenas oito metros de largura, mas 25 metros de comprimento. Seus muitos quartos são pequenos e íntimos, ideais para uma casa de férias, para uma família com dois filhos”, explica Escat. Ele conhece Menorca desde a infância, quando ia de férias com a família, e morou lá com Castells por três anos: “Esta ilha tem uma energia mágica, e qualquer um que se envolve com ela fica encantado para o resto da vida!” A Quintana Partners mandou consertar o telhado dilapidado, as janelas de correr, as paredes externas e muitas das vigas do teto foram substituídas. Eles mudaram muito pouco da planta original, colocando novas linhas e tubos aparentes “para não danificar os blocos de calcário”. “A mistura de argila marrom e ladrilhos de cimento parcialmente padronizados permaneceu no térreo. O mobiliário descolado combina os achados do mercado de pulgas de Berlim, Mauerpark e Arkonaplatz, com pechinchas do grande centro de antiguidades de Bisbal, perto de Girona, e lojas vintage locais. Além disso, o casal acrescentou tesouros comprados na 1stdibs e Versemblant, em Madrid e itens especiais do próprio acervo. Ícones de design ou marcas mundialmente famosas não combinam com o estilo do estúdio: “Não queríamos que esta casa velha fosse totalmente estilosa e perfeita. Deve parecer uma casa de férias aconchegante que está na família desde sempre.” Muitas das luminárias foram desenvolvidas por Escat e Castells, assim como vários dos estofados confortáveis - eles acabaram de criar a coleção de cores amorosas “The New Ye-Yé” para o fabricante de tecidos Güell Lamadrid. As pinturas expressivas de jovens artistas egípcios como Mohamed Abou Elwafa e Walid Ebeid vêm da coleção do novo proprietário e completam o cenário. Bacana demais!
Quintana Partners: https://www.quintanapartners.com/
via: AD Magazine
Deixe um comentário