Isabella Prata, é fundadora e diretora da Escola São Paulo, projeto que oferece cursos na área da Economia Criativa, setor que movimenta mais de 600 milhões/ano no mundo. A escola propicia condições de formação personalizada e desenvolvimento pessoal na área da EC. O termo foi usado pela primeira vez na Austrália, para nominar a vocação do país, logo depois foi adotado pela Inglaterra e então ganhou o mundo. Na verdade, como diz o relatório sobre EC da ONU, esse nicho de mercado sempre existiu, mas não era devidamente valorizado e tampouco nominado. Isabella, desbravadora do conceito no Brasil, sempre circulou no meio, o que talvez explique sua desenvoltura. Mulher decidida, sabida e influente, Isabella Prata é membro do International Acquisitions Comitée da Tate Modern, em Londres, da Associação de Amigos Brasileiros do Israel Museum, do Conselho do Berggruen Museum, em Berlim, da Love & Art Foundation, em Los Angeles e presidente do Comitê de Apoio ao Projeto Casa de Vidro, sob a curadoria de Hans Ulrich Obrist. Trabalhou por 20 anos no segmento de cultura contemporânea, desenvolvendo projetos para empresas e museus no Brasil, Itália e Estados Unidos, por sua empresa de consultoria e produção cultural. Foi uma das responsáveis por trazer ao Brasil pela primeira vez obras de artistas como Richard Prince, Matthew Barney, Félix Gonzáles-Torres, Cindy Sherman, Nan Goldin, Man Ray, entre outros. Na década de 1990, foi da diretoria do MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, onde fundou e presidiu o departamento de Núcleo Contemporâneo. Hoje, além de dirigir a Escola São Paulo e se dedicar às Instituições das quais é membro, ministra palestras e aulas em diversas instituições como FGV, Insper, ESPM e USP – sobre empreendedorismo, inovação e criatividade. Isabella Prata divide um pouco de sua expertise, generosamente, com os leitores de Hardecor, em entrevista exclusiva.
Hardecor: O que é economia criativa?
Isabella Prata: Economia Criativa é a economia gerada pelo setor criativo, e ela nunca esteve tão em pauta como está hoje. A EC não é novidade, novidade é a percepção do diferencial desta economia. Nós vivemos hoje em um mundo globalizado com a necessidade de destacar a identidade de alguma cultura, de algum país, então isso vem como um valor, e temos que considerar que para este valor existem relatórios, que não falam sobre o futuro, mas sobre dados e números que comprovam a importância da EC, e que também apontam algumas questões do setor, como por exemplo o país ter leis que protegem idéias. A ONU fez um relatório sobre EC e enfatiza a importância do setor, que além de gerar postos de trabalho, contribui com o bem-estar geral das comunidades e fomenta a autoestima individual e a qualidade de vida.
H: Qual a principal contribuição da Escola São Paulo ao setor da “economia criativa”?
IP: A escola atua em várias frentes, para quem quer adentrar o mercado da EC, é necessário estudar, conhecer, em aulas de antropologia, ética, sociologia, entre muitas outras.
H: Qual o curso que você recomendaria a todo mundo?
IP: Recomendaria o curso de gestão.
H: A economia criativa precisa de incentivos governamentais para se desenvolver? Por quê?
IP: O necessário é um governo que pense sobre isso. Existe atual governo dentro do Ministério da Cultura, uma secretaria da economia criativa. Também é necessário pensar em incentivos fiscais. O setor da moda é bastante penalizado com altos impostos, o que dificulta a importação de tecidos e outros, mas isso também é uma solicitação de outros setores, como a industria automobilística, por exemplo.
H: Quais as características comuns aos artistas de sucesso??
IP: O discurso, as relações. O artista tem que ter visão do negócio, pensar sobre metas,aonde quer chegar, que tipo de discurso político é o dele, o que ele quer mostrar através do trabalho, com quem ele se relaciona, e estudar. Porque fazer uma faculdade com 17 anos e parar, não dá. Você tem que conhecer tudo sobre o que você quer fazer, sobre o seu negócio, tem que ter informação. Porque um médico, engenheiro, arquiteto vai montar um negocio e ele não sabe empreender. A formação define a forma do relacionamento no mercado. E o artista tem um papel fundamental. Na ditadura os artistas levantaram bandeiras importantes.
H: Arte é luxo?
IP: O que é luxo? Meu conceito de luxo é muito particular. Para mim, luxo é tomar meu chá pela manha. Não entendo o luxo como riqueza. Então penso que o luxo é um conceito pessoal. Será que Abraão não tinha um luxo??
H: O que faz um bom museu?
IP: O que faz um bom museu é uma obra bacana. Pode ser um museu pequeno, do interior e ter a obra de um artista lá, naquele momento, que seja especial.
H: Qual o seu museu preferido? Porque?
IP: Eu não tenho um museu preferido.
H: Como é a casa de Isabella Prata?
IP: Eu queria e consegui ter uma casa onde é possível estar sozinho, ter minhas ervas, a couve do meu suco, sem muitas coisas, simples. E meus filhos também podem estar sozinhos quando desejam.
H: Dê, por favor, uma dica de experiência cultural bacana para os leitores de Hardecor.
IP: Andar a pé pela cidade. Observar as casas, o trânsito, e notar que a cidade, esta cidade da qual todos reclamamos, é feita de pessoas, e que o caos também pode ser bonito. Todas as cidades tem uma poesia possível de ser descoberta apenas andando a pé.
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