Oito anos atrás, quando David Maupin e Stefano Tonchi esperavam meninas gêmeas, partiram em busca de um apartamento maior. Amigos e colegas imaginaram que iriam aterrissar em um dos glamorosos edifícios de Manhattan, famosos por seu pedigree de design, dada a posição do casal no mundo da arte e da moda: Maupin co-fundador da galeria Lehmann Maupin, Tonchi como editor da revista W. No final, no entanto, eles optaram pelo Osborne, uma mistura de estilos e materiais de meados do século XIX, durante o período conhecido como Gilded Age. Ainda mais surpreendente: eles convidaram a amiga arquiteta Annabelle Selldorf para trabalhar com eles (e ela contratou o arquiteto Matthew Schnepf, ex-associado de sua empresa, para ajudar). O rigor e a refinada moderação que caracterizaram a obra de Selldorf estão muito longe da primeira impressão causada pelo hall de entrada. Latão, estuque, mármore, vidro de estilo Tiffany, mosaico, folha de ouro e adornos em terracota no estilo “Aladdin”. “Extremamente ridículo, mas totalmente lindo”, diz Selldorf – uma opinião que Maupin e Tonchi compartilham. Eles se juntam às fileiras dos notórios nova-iorquinos que chamaram o edifício Osborne de lar, entre eles Leonard Bernstein, Van Cliburn, Peter Beard, Lynn Redgrave, Phil Jackson, Bobby Short, Fran Lebowitz, Jessica Chastaine e Sylvia Miles. Desde 1885, quando o Osborne foi construído, o apartamento de Maupin e Tonchi mudou de mãos apenas três vezes, e muitas das características originais ainda estavam intactas. Orientados por Selldorf, eles concordaram em preservar os detalhes originais: janelas de vidro com chumbo, travessas geométricas acima das portas, molduras entalhadas e bordas de cerâmica na lareira. Restauraram o piso em madeira e mantiveram o pé direito de 06 metros na sala de estar. Enquanto outros moradores se inspiraram nas referências do período de construção do prédio, decorando seus apartamentos com papel de parede estilo William Morris e luminárias de vidro estilo favrile, os três amigos escolheram uma rota diferente. “O espaço é tradicional”, diz Tonchi, “mas isso não significa que tenha que ser conservador”. As paredes foram pintadas de branco, como pano de fundo para a arte e em conversas silenciosas com o mobiliário. A maioria das obras de arte é de artistas da galeria de Maupin, com seu diversificado acervo de talentos de todo o mundo. Na sala de estar, há uma pintura de David Salle de sua série Pastoral, utilizando um cenário teatral de uma ópera do século XVIII, com as sombras e contornos delineados em áreas de cores vivas e planas. Em outro ambiente, Gilbert & George’s Lover, um grande trabalho onde notícias da mídia impressa se misturam e se confundem. Na sala de jantar há duas grandes mesas quadradas, desenhadas por Selldorf, cobertas com vidro espelhado para criar luminosidade e refletir o “site specific” de Teresita Fernández, uma constelação de 5.000 pedras pequenas de grafite. A mobília é em sua maioria de meados do século XX, mas, observa Tonchi, “as cores estão um pouco fora” – verde, laranja e turquesa inspiradas na cerâmica ao redor da lareira. Algumas peças são personalizadas; outros vêm da Vica, a empresa de Selldorf, que desde 2004 começou a vender seus próprios móveis. Selldorf, Tonchi e Maupin se sentem como uma família. “Não houve diferenças de opinião. Tivemos esse relacionamento bacana, acolhendo as idéias um do outro.” Eles compartilharam não apenas referências que abrangem a arte contemporânea e o design italiano de meados do século XX, mas também certas obsessões – a obra de Gio Ponti, o vidro veneziano de Seguso, Venini e Carlo Moretti . Diz Maupin: “Nós meio que nos lemos e concordamos”. Inspiração pura!!
Anabelle Selldorf: https://www.selldorf.com/; Matthew Schnepf: https://matthewschnepf.com/
via: https://www.architecturaldigest.com
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