O apartamento do arquiteto italiano Achille Salvagni em Roma, com 360 m², no bairro de Coppedè, é um pouco como a própria cidade: rico em camadas e cheio de contradições, com ângulos agudos e curvas fluidas, e Pop Art emparelhado a móveis seculares. E assim como Roma, ostenta uma sensualidade sem remorso. “Adoro enfatizar a poesia de diferentes épocas, misturar períodos diferentes, tudo sob a grande cúpula da beleza”, diz Salvagni, arquiteto e designer de móveis italiano conhecido por criar peças escultóricas que estão enraizadas na história. “Se você lida com a beleza, nunca comete erros.” A assinatura peculiar de Salvagni pode ser vista em todos os cantos da casa, que ele divide com a esposa e dois filhos. No corredor principal, um conjunto de poltronas venezianas do século XVII flanqueia um moderno aparador de carvalho com portas de alumínio côncavas, concebido para evocar o escudo de um guerreiro. O tapete de seda do ambiente, também desenhado por Salvagni, mostra um mapa de San Felice Circeo, uma cidade costeira na região do Lácio, onde o arquiteto passou os verões de sua infância. Acima do aparador, duas gravuras parisienses do século XVIII iluminadas por luminárias de bronze retiradas de uma antiga biblioteca romana. “Eu amo a ideia de estar cercado por peças que têm uma narrativa”, diz ele. “Tudo aqui tem uma referência – pode ser um presente de alguém especial, uma antiguidade rara ou algo que reflita um período da minha vida.” O apartamento, herdado pela esposa de Salvagni, tem história. Está em um prédio projetado em 1905 pelo arquiteto Marcello Piacentini, cujas obras mais proeminentes foram encomendadas pelo governo fascista de Mussolini nas décadas de 1920 e 1930. Embora Salvagni tenha concluído reformas de alto a baixo antes de se mudar, teve o cuidado de preservar o estilo do espaço. “Como um italiano criado em Roma, sou obcecado pela herança”, diz ele. “Nunca quis desfigurar o estilo do início do século XX e, felizmente, a maioria das pessoas nem percebe que mudou drasticamente.” Um dos destaques do apartamento é a vista da grandiosa Villa Albani, construída em meados do século XVIII para abrigar a coleção de antiguidades e antigas esculturas romanas do cardeal Alessandro Albani. “Alguns dos tesouros mais incríveis de todo o mundo estão nesta vila, incluindo a única peça do Partenon fora de Atenas e do Museu Britânico”, diz Salvagni. “Sabendo que está lá, tão perto, faz com que eu me sinta um pouco especial.” Salvagni e sua esposa gostam de relaxar no salão acolhedor conectado à sala de estar, com uma mesa lateral e luminária de sua própria coleção. Uma alteração crucial no layout da residência era tornar a sala muito maior. É aqui que Salvagni desencadeou suas fantasias de cores, criando uma paleta vibrante, porém delicada, inspirada nas pinturas de Bronzino, Giotto e Piero della Francesca. Muitos dos matizes usados por esses grandes mestres – rosas pálidos, laranjas enferrujados, azuis pastel e amarelos brilhantes – são vistos nos tecidos da sala, como o veludo laranja que cobre um conjunto de espreguiçadeiras curvas e nas obras de arte em exposição, incluindo uma pintura azul clara do artista contemporâneo Ettore Spalletti. “As cores fazem parte da vida; é muito raro encontrar opções em preto-e-branco na natureza ”, graceja Salvagni. “Eu penso em cor como o fio invisível que atravessa o espaço; todas as peças são diferentes, mas juntas elas tocam uma mesma sinfonia”.
Achille Salvagni: https://www.achillesalvagni.com/
via: https://www.architecturaldigest.com/
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