Os designers muitas vezes enraízam um projecto no seu lugar e este apartamento no histórico bairro do Chiado, em Lisboa, não é exceção, mas, para a designer de interiores Gracinha Viterbo, foi a vitalidade da personalidade do seu cliente que definiu os interiores extraordinários. “Localização, cultura e artesanato local sempre farão parte da minha inspiração, mas para mim a história do cliente é mais importante”, afirma. ‘Como posso criar um lar que lhes permita descobrir o seu eu autêntico?’ Para este projeto, de um colecionador de arte brasileiro com residências em todo o mundo, que contatou Gracinha após visitar sua loja, o Gabinete de Curiosidades, e perceber que ali se sentia mais em casa do que em seu próprio apartamento, a designer usou a expertise conquistada em um currículo certeiro e inúmeras viagens pelo mundo. Descrevendo a proprietária como “inteligente, divertida, sofisticada, uma pessoa que corre riscos e tem olhos de águia para detalhes curiosos”, não pensou duas vezes.

O imóvel estava em boas condições, mas clamava por uma aparência personalizada; que Gracinha felizmente forneceu, adornando todas as superfícies com estampas, padrões e cores chamativas. “A funcionalidade deve ser considerada minuciosamente em cada espaço”, diz ela, “mas criar um clima ou estética é realmente o que faz o coração do cliente bater. Energia é tudo.”

A alma desta casa está nas suas extraordinárias obras de arte, mas, longe de parecer uma galeria estéril, é um espaço acolhedor feito para entreter e relaxar. Gracinha adorou trabalhar com o curador Danniel Rangel para relacionar os interiores com as obras expostas. “Decidimos adotar um clima contemporâneo”, explica Danniel. ‘Você encontrará Pae White e Anish Kapoor, mas também ícones como Carol Rama e Lucio Fontana para misturar com peças de Jean Prouvé, Charlotte Perriand e Ron Arad. Equilíbrio perfeito para uma cidade rica e histórica como Lisboa, explica.’

A disposição tradicional da casa tem a sala ao centro e um corredor circular que liga os demais espaços. Gracinha manteve este arranjo, mas adicionou portas deslizantes perfuradas dramáticas da sala de estar para a área de jantar – uma homenagem à icônica Villa Necchi de Milão. (já publicada em Hardecor, veja AQUI) “Tornou-se a porta de entrada; isso e o lindo papel de parede de seda “Symphony” de De Gournay no teto”, explica ela.

‘Eu sabia que tinha que criar algum ritmo entre o incrível Mondrian na lareira, a fluidez do sofá Vladimir Kagan e as outras peças impactantes. Eu queria fazer um fluxo para encaixar as peças com leveza.’ “Este não é o um interior todo branco, com textura boucle ou escultural”, diz Gracinha com uma nota de orgulho. “É poético, comovente e forte, assim como seu dono. Há 23 anos que escrevo as histórias dos meus clientes através das suas casas. Este foi lindo.”