Mulher belíssima, dona de um astral maravilhoso e de uma voz potente e que impressiona a todos, carinhosa e generosa, Paula Lima em entrevista exclusiva para Hardecor, conta um pouco da sua vida de cantora bem sucedida, de mulher que curte a casa e a família, do curso de direito concluído, dos jovens cantores em que aposta suas fichas, enfim, fala sobre a vida, que segundo ela, é bem pé no chão! Paula acumula elogios de fãs famosos como Jorge Ben Jor, Ana Carolina, Zélia Duncan, Mart’nália e Leci Brandão. Suas influências vão desde Michael Jackson à D. Ivone Lara, James Brown, Tim Maia e Zeca Pagodinho, Quincy Jones e Earth Wind And Fire. Paula tem 44 anos e é casada com Ronaldo Bonfim, com quem vive em São Paulo, bem perto de toda a família. Irmã de Luiz Fernando, Paula começou cedo, ainda no berço. Segundo a mãe da dupla, Paula, aos três anos, já cantava ao acordar. O resultado? Vários discos lançados, shows lotados, parceiros importantes e muita música bacana. Com vocês, Paula Lima!
Hardecor: Quem é Paula Lima?
Paula Lima: Uma mulher que aprende diariamente, que adora o que faz, apaixonada por música, casada, cheia de sonhos e inseguranças. Eu tenho uma vida bem real, super familiar, adoro esse lance do bem e tenho muita fé nas pessoas, no mundo, enfim, coisas bacanas que acontecem e que vão acontecer.
H: Como é sua casa?
PL: Eu moro no Ipiranga (em São Paulo) desde os sete anos de idade, e o mais bacana é que o Ipiranga é minha casa. Meu quintal é o Museu do Ipiranga, que vejo da janela, e minha família está toda concentrada no bairro. Vejo a janela de uma prima, a janela de outra, o telhado da minha mãe. Minha casa é o meu refúgio, meu aconchego, eu adoro ficar em casa, às vezes fico até três dias sem sair. Se eu não tenho show ou outro compromisso, não saio e não sinto falta da rua. Minha casa me abraça. Minha casa é confortável, tem tudo o que eu preciso, tem uma varanda onde às vezes colocamos uma rede e onde eu e meu marido gostamos muito de ficar.
H: Sua casa é rústica, moderna, tradicional?
PL: Fica entre o tradicional e o moderno. Não tem nada de rústico, até porque meu marido é bem tradicional. Eu até gostaria de ter umas coisas mais loucas, um sofá amarelo, uma parede roxa, mas ele é muito centrado, então a gente tem coisas atemporais, que nunca cansam. Nossas paredes são pintadas de um cinza bem claro, rodapé altinho branco, portas brancas, as cortinas quase transparentes. Tem um piano na minha casa. Eu estudei piano erudito dos sete aos dezessete anos. Nós pintamos o piano de cinza, que penso ser a maior loucura que fizemos na decoração da casa. A gente também tem um lavabo bem modernão. Não temos muitos quadros, meu marido tem horror de prego na parede, e apesar de eu gostar, como libriana pago para não discutir. Se não é uma coisa que vai afetar minha vida, tudo bem. A gente não tem tapete porque eu sou super alérgica, e ele tem uma rinite insuportável. A gente tem uma cozinha moderna que agora vou dar uma repaginada. Quero colocar um material azul cheio de brilho muito legal. Adoro cama e quero trocar a minha por uma que me abrace, como as camas de alguns hotéis que tenho ido. Gosto de camurça, de couro, e não gosto de plantas nem de flores, porque acho que dá muito trabalho. A gente tem uma parada bem legal que é um mecanismo que apóia a TV e vai girando e se movimentando. Nossa mesa é transparente, é tudo bem clean. Gosto de almofadas coloridas, que é onde posso pirar um pouco!
H: Como você vê hoje o cenário musical no Brasil?
PL: É um cenário muito diverso, as coisas mais populares acabam tendo uma entrada mais rápida, mais fácil na vida do brasileiro. Acho que o sertanejo domina o Brasil com o samba logo na sequência. O brasileiro só ouve o que está no rádio e na televisão, então tudo fica mais limitado. O Brasil tem gênios, tem aquelas pessoas que são inesquecíveis como Tom Jobim, tem aquelas com um balanço único como o Jorge Ben Jor, mulheres fenomenais como D. Ivone Lara, um gênio real que é Chico Buarque que entende a mulher como ninguém, até me arrepia de falar. Eu fiz uma turnê durante um ano cantando com Daniela Mercury, Elba Ramalho e Margareth Menezes onde só cantávamos Chico Buarque, e é impressionante como ele consegue se colocar no nosso lugar. Tem momentos engraçados, dolorosos e até momentos de terapia, onde você fala: caramba, era isso! Chico é uau!! Muito bom. Também acho que a gente tem pessoas muito singulares. Adoro Marcelo D2, Flora Matos, Racionais, o Mano Brow é meu amigo, eu adoro Fundo de Quintal. Eu sou muito eclética neste sentido, eu gosto de música que mexa com o meu coração, e de uma maneira geral eu gosto de black music, que envolve tudo, desde música americana até samba de roda. Eu só acho que poderia ter um espaço maior para todo mundo, e queria que o brasileiro tivesse poder aquisitivo para poder ir a todos os shows. Mas ao mesmo tempo me sinto privilegiada por poder viver daquilo que me faz bem. Tudo o que eu tenho hoje, os países que eu conheço, as pessoas, as entrevistas que eu dou conquistei com a música. Por exemplo eu não imaginei…meu pai é um metalúrgico aposentado e minha mãe professora primária aposentada, que eu estaria em uma festa tão bacana como essa, cantando e falando com você sobre decoração e urbanidade, sobre música. Então a música na verdade trouxe a magia para a minha vida. Eu me formei em direito no Mackenzie e eu tinha realmente essa coisa do equilíbrio e da justiça, mas a música foi me envolvendo, e é um privilégio, um presente que eu recebi, seja de quem for, mas é um presente.
H: O que a Paula de hoje trouxe da experiência de cursar uma universidade? Você usa o que aprendeu na faculdade na sua vida atual?
PL: Em termos acadêmicos uso praticamente nada, apenas para ler um contrato, apesar de achar que qualquer brasileiro pensante perceberia algumas coisas absurdas. E eu tenho advogados que cuidam disso. Mas o mais legal da faculdade é que, vou ser super sincera, minha família sendo uma família de classe média baixa, apesar de hoje entender que a gente não era de classe média, a gente era uma família pobre que trabalhava para pagar escola, ter aquela casa na Praia Grande, aquela história toda. Eu precisava desta segurança porque não tenho padrinho, não somos uma família financeiramente já sólida nesse sentido, então tudo depende de cada um. O direito foi muito bom porque eu tinha um plano B, caso a música não desse certo. Como brasileira pobre, mulher e negra, eu acabo tendo um outro tipo de visão do mercado em função desta formação. A credibilidade, respeitabilidade do tipo de musica que eu faço, mas também acho que tem a coisa da postura, acho que a pessoa de uma forma ou de outa acaba entendendo seu curriculum, o seu case, e o mais importante, a faculdade me deu a segurança de saber que quando não está tudo bem, e apesar de ser libriana a achar que está tudo bem, às vezes não está, então você vai para cima e briga mesmo, mas você chega com argumentos, você tem uma formação e sai para discutir com alguns tubarões que estão ai, então acho que a faculdade me traz esse suporte. Fui sincera!!! (risos)
H: Em que novo nome da música você apostaria suas fichas?
PL: Eu gosto muito da Flora Matos, do Ferrugem, que é um cara do samba, do pagode mesmo e tem um tremendo talento, uma tremenda voz, o Kalfani, filho do KL Jay, que logo mais vai produzir umas coisas sensacionais, a Ellen Oléria, que não está começando mas que tem um frescor, ela é uma tremenda voz e tem uma personalidade de musicista.
H: O que você faz nas suas horas livres? Você gosta de ficar em casa, e o que mais?
PL: Eu adoro ficar em casa, adoro ir para a praia, eu amo de paixão areia e mar. Adoro ficar com as minhas primas e com a família, adoro assistir filmes, comer pipoca. E estou viciada na novela “O dono do mundo”, que é a novela que está passando de novo e agora eu achei no YouTube a bendita da novela então estou tipo terminando os capítulos. É um vicio e uma delicia ao mesmo tempo, eu sinto um tremendo prazer. Eu trabalho bastante então minhas horas vagas são escassas porque minha cabeça não para e ai eu falo com um, com outro e dou uma organizada na vida. E adoro descobrir som novo, estou sempre ligada. Hoje já fui vinte vezes atrás do DJ da festa, eu quero saber o que está tocando. Eu gosto de fazer experimentações. Penso nas minhas musicas, penso em uma batida diferente, e isso acontece nas horas vagas, que é a hora que estou relax.
H: Se você tivesse que escolher apenas uma musica para cantar para sempre, qual seria?
PL: Nossa, meu Deus! Bom, pode ser que no mês que vem eu mude, mas hoje eu cantaria “Eu sei que vou te amar” porque é um clássico e acho que foi uma das apresentações mais emocionantes que eu tive o prazer de fazer. Foi quando eu cantei com o maestro João Carlos Martins. Aconteceu uma magia, e não é sempre que a magia acontece, tem shows lindos e emocionantes até para o público, mas você sabe que tem aquela liga ali, aquele pozinho que não tem explicação, que acontece ou não. Isso é em tudo, quando você conhece alguém, quando você descobre alguma coisa e eu gosto muito dessa coisa da magia. A melhor lembrança que eu tenho neste momento é esse show com o maestro, que foi muito além do que eu imaginei, foi uma coisa muito de coração e responsabilidade. Foi mágico.
H: Você sempre usou seu cabelo natural, crespo?
PL: Não! Eu super alisava meu cabelo. Quando eu era pequena não tinha essa coisa de cabelo crespo, natural. Os alisantes não eram tão legais, na minha adolescência já tinha uns poderosos que queimavam a cabeça, uma loucura. Ai depois eu fui descobrindo a trança, mas eu sempre fui meio out da família nesse sentido. Todas as minhas primas alisam e prendem o cabelo com coque, usam brinco pequeno, usam pouca maquiagem e são pequenininhas, tudo diferente, e a gente se dá muito bem, elas falam todas que eu sou doida, que sou louca, e ao mesmo tempo é muito engraçado porque quando eu vou para o meio musical todo mundo fala que sou careta. Eu usei trança por nove anos, e queria ir para a praia e precisava soltar a trança de qualquer jeito, por que trança e mar não combinam, e deu certo. Eu estava fazendo parte do “Ídolos” naquela época e quando voltei de viagem eu estava bem queimada, um cabelo bem aberto e todo mundo achou demais. Então fui tratando melhor, descobrindo produtos. Cabelo é a moldura do rosto, ele dá forma para você. Eu sempre me senti muito grande, então não ficava bem com aquele cabelo baixo, pequenininho, delicadinho. Tudo tem que ser grande. O brinco é grande, o cabelo é grande, tudo tem que ser grande, alto, para dar um equilíbrio e eu tenho essa coisa de estética. Minhas primas aprenderam a se maquiar comigo, eu tirava a sobrancelha delas, aí eu olho aquele cabelo baixo, eu falo: levanta esse negócio, tá amassado, se solta! (risos) Até tenho uma prima que é bem magrinha e ela tem um cabelo lindo. Ela é descendente de índio e negro e o cabelo é comprido e bem preto. Ela não usa maquiagem nenhuuuma, nunca na vida e eu falo para ela: Leninha, você não sabe, Deus não dá asa para cobra! O que eu acho é que a gente tem que aproveitar os pontos bons que a gente tem e as coisas que a gente não vai conseguir mudar a gente dá um jeito de descobrir uma forma de melhorar. Foi assim que eu descobri a maquiagem, foi assim que eu descobri a melhor forma de me vestir, até onde eu podia ir, até onde não.
H: Você tem irmãos, Paula?
PL: Eu tenho um irmão, que é o Luiz Fernando. Ele é personal trainer, dez anos mais novo do que eu, é o caçula da família e um cara do bem. Mimado, porque dez anos mais novo, caçula… Ele é bem alto, e forte, e muito na dele, ele é bem zen, tranquilo.
H: Paula, muito obrigada. Você é muito gentil, tem uma luz incrível.
PL: Obrigada você! Adorei!
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