Em um bloco de apartamentos do século XIX na parte mais antiga de Gdańsk, Polônia, há um pequeno apartamento que era tristemente desprezado. Suas características originais foram removidas durante a era comunista do pós-guerra ou enterradas sob camadas de intervenções modernas desajeitadas. Isso até que seu novo proprietário, um jovem graduado em escola de cinema, que pediu à arquiteta Karolina Rochman para trazer de volta os segredos e glória perdida. A resposta ao briefing foi uma mistura idiossincrática do cerebral e do prosaico. Ela explica como na era pós-soviética, “os apartamentos eram divididos em unidades menores, muitas vezes de forma mal pensada, com várias famílias acomodadas em uma única unidade. Nem todos os moradores sentiam a necessidade de cuidar dos prédios.”

Além de restaurar seu antigo esplendor, Karolina estava determinada a contar a história completa desta casa, incluindo os momentos em que ela não foi bem tratada. “Esses valores são extremamente importantes: verdade e autenticidade. É por isso que achei necessário mostrar todas as camadas históricas deste espaço, desde a época da construção do edifício, mas também da era comunista e dos anos 1990″, explica ela. “A coisa mais difícil em cada projeto é encontrar seu espírito. Aqui, ele estava muito escondido.”

Igualmente complicado, porém, era uma preocupação prática: armazenamento. “Independentemente do tamanho do apartamento, geralmente precisamos de uma quantidade semelhante de coisas”, diz Karolina. “É por isso que, apesar de suas dimensões modestas, esta casa ainda consegue ter dois quartos, uma sala de estar e um guarda-roupa/lavanderia, sem que o edifício passe por alterações indevidas. Karolina batizou o projeto de “Dia dois, o dia ocre”, em homenagem a uma pintura do artista polonês Jan Kanty Pawluśkiewicz. Sua própria abordagem à cor em interiores é semelhante à de um artista trabalhando em uma tela.

Banhada em tons ocres, do amarelo vivo (nas portas e móveis de madeira da cozinha) ao marrom dourado nos móveis da sala e decorações de parede, esta casa homenageia sua inspiração artística, assim como a criatividade da própria Karolina. “Eu vejo a cor em termos de matiz, saturação e valor”, ela diz. “Usando essas categorias, você pode enfatizar certos elementos do interior, fortalecer o senso do que não é natural, dar aos objetos formas irreais ou emprestar a todo o espaço uma dimensão mágica.” Ela admite que alguns podem achar a nova paleta desta propriedade desafiadora, mas seu cliente está encantado. “Recebi grande confiança, desenvolvendo a história desta casa com seu novo morador. Seu caráter e criatividade deixaram sua marca no apartamento.” Adorei!!!