Ecletismo em Madri no apartamento dos responsáveis pelo escritório Casa Muñoz, que tem trabalhos espalhados pelo globo. A dupla Mafalda Muñoz e Gonzalo Machado não se absteve de dar vida aos interiores ao ritmo dos seus desejos. “Compramos e desenhamos muitos móveis, por isso mudamos regularmente a cor dos tecidos, dos sofás… Esta sala já viu três sofás e quatro tapetes”, divertem-se. Além disso, o branco das paredes foi cuidadosamente pensado para abranger todas as possibilidades. Ao contrário da grande sala iluminada pela luz solar, o pequeno salão adjacente cultiva uma atmosfera escura e acolhedora. “Esta sala onde vemos televisão foi pensada especialmente para a noite”, observa Gonzalo. O teto preto, as paredes laranja e as pinturas conferem-lhe uma atmosfera cinematográfica. “Gostamos de acumular objetos e colocá-los em camadas por toda parte”,continua Mafalda. O apartamento está repleto de obras de arte, talheres requintados e livros, acumulados ao longo do tempo ou herdados do passado. “Tudo que tenho em casa eu adoro. Pode ser um pouco caótico mas é um resultado cheio de memórias, muito pessoal e caloroso.”
Quanto ao mobiliário, foi desenhado pelo atelier para dar a ilusão de ter sido simplesmente colocado ali. “Quando a casa foi construída em 1900, não existiam móveis planejados. Por isso, projetamos estruturas que não tocam nas paredes.” Observamos este tipo de mobiliário em todos os ambientes, principalmente na cozinha, imaginada como um bistrô com piso em mosaico. O quarto principal também dá lugar de destaque à história do local, revelando a moldura e os tijolos originais através da cal branca nas paredes. E para contrastar com estes materiais naturais, o casal acrescentou uma longa lareira em aço e uma cama tipo quimera com pés de leão e tecido de pele de carneiro. No teto, a iluminação pretende ser “fechada e teatral”, de forma a evidenciar os objetos mais especiais ao casal, como os bustos de bispos pertencentes aos pais de Mafalda Muñoz. Muito ligada à herança familiar, a designer de interiores fez questão de utilizar o modelo de estantes criado pelo seu pai, designer antes dela, para expor estas relíquias. “O quarto é o último degrau antes de dormir, é um templo”,enfatiza. Como extensão deste santuário, os espaços foram concebidos para privilegiar ainda mais a intimidade, à maneira dos apartamentos privados dos regentes de outrora. Se a casa de banho-vestiário de Mafalda Muñoz foi pensada como uma extensão do quarto, num espírito sereno, o vestiário-escritório, onde Gonzalo Machado trabalha de madrugada, irradia uma aura mais sombria.“É como uma caverna”, explica ele. “Para nós é importante que os espaços sem luz natural sejam verdadeiramente escuros.” Autenticidade, sempre. Ao revelar-nos o seu interior, a Casa Muñoz parece proclamar a sua busca pela verdade.
Casa Muñoz: https://casa-munoz.com/
via: AD Magazine; Fotos: Giulio Ghirardi
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