Auschwitz-Birkenau é o nome do complexo dos campos de concentração e extermínio que funcionaram na Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. Dia 27 de janeiro de 2015 fez 70 anos que os prisioneiros foram libertados pelas tropas soviéticas, e em função dessa data resolvi dividir a experiência da minha visita ao campo, ocorrida em 2014. A história dos judeus na Segunda Guerra Mundial sempre foi um tema assustador para mim, e só fui ter coragem de me aproximar desse desconforto há muito pouco tempo. Nem sei se acredito em vidas passadas, mas tenho a impressão de ter morrido em Auschwitz, e não consigo não chorar quando penso sobre. É uma dor fortíssima, mas resolvi enfrentar o medo e conhecer o campo. A experiência foi menos traumática do que eu imaginava, pois a visita de três horas é guiada e feita a toque de caixa, e não há tempo durante a visita para elaborar o que é visto, apesar do flagrante desconforto de muitas das pessoas do grupo. Fomos eu, meu marido e meu filho, à época com 17 anos, e o dia muito frio, 5º, nos fez pensar sobre o sofrimento dos prisioneiros, sem roupas adequadas e sem cobertas. No verão ficavam tomados de piolhos e feridas e no inverno sucumbiam ao frio. As pouquíssimas árvores não eram suficientes para segurar o vento durante os meses mais frios e tampouco para proporcionar abrigo no verão. As acomodações eram precárias e oito pessoas dividiam uma espécie de baia, sem as mínimas condições de higiene. O que era o menor dos problemas dos prisioneiros, que com uma ração de 1.300 calorias/dia e uma necessidade de 1.800, morriam em três meses de trabalhos forçados, segundo relatos dos sobreviventes. Despojados de seus pertences e até de seus cabelos/próteses/óculos, separados de suas famílias, os prisioneiros vinham de várias regiões da Europa e eram de etnias diversas, além dos judeus de todos os países, ciganos e prisioneiros de guerra, muitos dos quais soviéticos. O tema é espinhoso para um blog de decoração, mas os espinhos fazem parte da vida e decidi encarar os meus, e de forma quase egoísta, dividir essa angústia aqui em Hardecor. Espero sinceramente que todos possamos conviver honestamente com nossas dúvidas e dificuldades. A sucessão de horrores que marcou a humanidade para sempre faz, sabe-se lá por que motivo, parte da minha história.
Fotos: Hardecor
Oi Valéria!
Como neta de sobrevivente sinto cada vez mais vontade (e quase que obrigação) de fazer esta viagem. É muito dolorido olhar para tudo isso e pensar me foi tão perto. Mas acho que olhar para os nossos “espinhos” faz crescer melhor e com mais forças as nossas “flores”! Obrigada por compartilhar!
Bjs,
Lu
Lu,
Demorei muito tempo para ter coragem de olhar para essa dificuldade, que era enorme. Chorava só de ouvir falar do assunto, e essa aflição não diminuiu, mas estou muito mais tranquila depois da viagem. Foi muito bom ter ido. Vá quando se sentir preparada, porque de fato, a angústia ainda está lá. É palpável, mesmo depois desse tempo todo.
Obrigada por escrever.
Beijo grande
Valéria