A especialista em cores Márcia Holland em entrevista exclusiva à Hardecor II

Márcia Holland assina o primeiro livro de CMF em língua portuguesa – CMF A ESSÊNCIA DAS CORES.  Formada em artes (FAAP) e arquitetura e urbanismo (Mackenzie), Mestre e Doutora pela FAU-USP, fez cursos de aperfeiçoamento em universidades como Harvard, Montreal, Salamanca, State University of New York e Inteligência Artificial pela UNICAMP. Membro do CMG USA – Color Marketing Group e CAUS Color Association of USA, é consultora de inovação e tendências em diversas empresas nacionais e multinacionais. Holland atende empresas têxteis, de revestimentos, materiais e produtos nas áreas de design e arquitetura, e tem total domínio sobre o tema.  Professora universitária há 39 anos, é diretora de pesquisa do Portal de Tendências, membro de diversos comitês consultivos de inovação e conselhos empresariais.

O CMF- Color Material and Finishinga Essência das Cores”do inglês que significa cor, material e acabamento superficial é uma área presente em muitos âmbitos de design e arquitetura. Na área industrial relaciona aspectos cromáticos, táteis e decorativos na criação e manutenção da identidade de produtos, ambientes e até sistemas de transporte. O CMF está atrelado a tendências e contribui de forma significativa para a venda de produtos, e é indicado aos designers de produtos, de interiores, arquitetos, decoradores e profissionais de branding, e “explora a interseção entre arte, ciência, tecnologia e emoção. É uma jornada emocionante pela compreensão, aplicação e apreciação das cores, fundamentada na revolucionária técnica interdisciplinar CMF”, segundo Lincoln Seragini, nome fundamental do design brasileiro e quem assina o prefácio do livro.

Veja a seguir a continuação da entrevista de Márcia Holland, concedida com exclusividade à Hardecor, e entenda porque o livro é tão necessário para os profissionais da área. A primeira parte está no post anterior.

Hardecor: Como as cores impactam as emoções? Variáveis como clima e local interferem?
Márcia Holland: As cores ativam diferentes áreas do cérebro, podendo acalmar, estimular ou gerar desconforto, dependendo da tonalidade e da saturação. Lembrando que existem padrões gerais, muito utilizados nas áreas de marketing e branding e os padrões personalizados. O último capítulo do meu livro foca na importância da aplicação do Inventário de Cores de forma a verificar quais são as cores favoráveis na aplicação em design de interiores.  O clima e o local interferem, sim: em países quentes, as pessoas tendem a preferir tons mais claros, luminosos que transmitem conceitos de frescor e leveza; já em climas frios, buscam cores mais acolhedoras. A cultura local também molda essas preferências.

H: Na maioria das lojas de mobiliário, as cores neutras imperam. O brasileiro, na sua leitura, ainda tem medo das cores?
MH:
Sim, de certa forma. Os brasileiros ainda associam a cor intensa à ousadia ou ainda tem receio de “errar”, principalmente em investimentos como o mobiliário. Por isso, acreditam que neutros são uma escolha segura. Não é. Os neutros carregam raízes cromáticas e pode ser provocada uma grande dissonância pela sinfonia de raízes cromáticas, texturas as quais não se harmonizam. Entender a raiz cromática de uma “cor neutra” é fundamental para harmonizar o ambiente. No meu curso, um dos primeiros exercícios é o da ampliação perceptiva de forma a identificar estas raízes e trabalhar de forma criativa com harmonias. Quanto ao emprego de cores mais vivas e com personalidade, vejo que, especialmente entre as novas gerações, há uma postura que valoriza mais a autenticidade do que a conformidade do senso comum.

H: Qual é a importância da colorimetria no processo de design e como você a utiliza em seu trabalho?
MH: A colorimetria é essencial para garantir a precisão e a fidelidade da cor entre diferentes materiais e processos de fabricação. No meu trabalho, uso a colorimetria para criar harmonias assertivas e para assegurar que as cores sejam coerentes aos conceitos de projeto e que sejam reproduzidas corretamente.

H: Como as diferentes condições de luz podem alterar a percepção de cor nos materiais usados em um projeto?
MH: A luz natural, a temperatura da luz artificial e até a hora do dia alteram a percepção da cor. Um mesmo tom pode parecer mais quente, mais frio ou até mudar de matiz dependendo da iluminação. Por isso, sempre recomendo que se avalie as amostras de cor nos ambientes reais, em diferentes momentos do dia.

H: Como você se relaciona com as cores? Sua casa é colorida?
MH: Minha relação com a cor é estética e emocional, mas também técnica. Minha casa reflete isso: uso cores de maneira intencional para criar atmosferas específicas em cada ambiente e com sutileza. Não é um carnaval de cores e nem poderia ser. Há espaços para contemplação, para tarefas que existem foco, mas também áreas mais vibrantes para estimular a criatividade e a alegria conforme o Inventário de Cores da minha família.

H: Você tem uma paleta preferida?
MH: Tenho, sim. Gosto particularmente de paletas que equilibram tons naturais, como areia, terracota e verde oliva, verde sálvia, com pontos de cor vibrantes, como azul petróleo ou mostarda. Essa combinação traduz, para mim, a ideia de sofisticação acessível e conexão com a natureza.

H: Fale um pouco sobre seu livro, por favor.

MH: O livro CMF – A Essência das Cores é o resultado de anos de pesquisa sobre como cor, material e acabamento trabalham juntos para criar experiências legítimas atendendo propósitos claros de projeto. É um livro que une ciência, arte e aplicação prática, voltado para arquitetos, designers e todos que desejam usar a cor de forma estratégica e sensorial, além do aspecto puramente estético. Acredito que o livro CMF – A Essência das Cores é leitura obrigatória, pois é um manual de transformação sensorial, capaz de enriquecer qualquer projeto com propósito, inteligência emocional e beleza genuína. Em tempos em que a personalização e a experiência sensorial são os grandes diferenciais no design de espaços e produtos, entender a tríade CMF se torna não apenas desejável, mas essencial. O último capítulo apresenta a aplicação da metodologia autoral Inventário das Cores.

Muito além de falar sobre combinações harmônicas ou tendências sazonais, CMF – A Essência das Cores revela como a cor, o material e o acabamento interagem sensorialmente para criar experiências que tocam a emoção, transformam espaços e influenciam positivamente comportamentos. Cada capítulo é um convite para entender a cor não apenas como um elemento estético, mas como uma ferramenta estratégica, baseada em ciência e sensibilidade. Com uma abordagem neurocientífica aplicada integro conhecimentos sobre como o cérebro humano percebe e responde às cores, elevando o entendimento da paleta cromática para um novo patamar. Não é sobre gostar ou não gostar de uma cor — é sobre compreender como ela afeta emoções, decisões e até a produtividade.

O leitor descobre como cor, materialidade e acabamento formam uma tríade inseparável no projeto de interiores, produto e arquitetura contemporânea. É uma ferramenta prática para profissionais exigentes. Cada conceito é traduzido em exemplos visuais impactantes, diagramas fáceis de interpretar e aplicações reais que enriquecem a prática de arquitetos, designers de interiores, designers de produto e profissionais de tendências. Com olhar atento para o mercado premium e contemporâneo, o livro entrega uma visão sofisticada que fala diretamente aos anseios de quem quer se destacar em um mercado competitivo, agregando valor real aos projetos.

H: Dê, por favor, uma dica para os leitores de Hardecor.
MH: Observe o acabamento antes de escolher a cor. Uma mesma cor pode mudar completamente sua percepção dependendo do acabamento: fosco, acetinado, brilhante ou texturizado. Sempre analise as amostras em diferentes fontes luminosas e materiais em escala real para fazer escolhas mais seguras e que contemplem o conceito do projeto. Por exemplo, conheço um caso onde o designer escolheu um revestimento de piso “cinza neutro” e que ao aplicar no espaço parecia ardósia, muito longe da cartela de cores proposta pelo profissional. Por isso é tão importante testar antes!

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