“A Criada”, filme do diretor sul-coreano Park Chan-wook

“A Criada”, filme do diretor sul-coreano Park Chan-wook, é lindo e mega vale ser visto. Chan-wook se formou na Sogang University em Filosofia, se tornou crítico de cinema e assistente de direção, e já há algum tempo, tornou-se um dos mais populares e aclamados diretores de cinema da Coreia do Sul. O início do filme exige atenção: em poucos minutos são apresentados vários personagens, com passados distintos e motivações diferentes. Um plano diabólico para seduzir uma mulher rica e ingênua serve como motor inicial para A Criada, ou The Handmaiden, suspense erótico sobre trapaceiros no qual o maior enganado é o espectador. Vencedor do Prêmio do Público de melhor filme internacional na 40ª Mostra de SP, o filme, esteticamente, tem produção deslumbrante. Park Chan-wook continua sendo um exímio criador de mundos paralelos, deslocados do real, com amplos movimentos de câmera usados para reforçar o teor gótico. Combinando adereços, trilha sonora de tons repetidos à la Philip Glass e movimentações sedutoras pelos corredores, o cineasta consegue sugerir erotismo e perigo independentemente do conteúdo em cena. Sua maneira de sobrevoar o telhado da casa durante uma fuga, ou fazer a câmera pular a cama onde duas amantes fazem sexo é singular, ousada, diferente de tudo que o cinema já fez. Quando pensamos compreender as motivações de personagens, uma reviravolta importante mostra que estávamos errados. Quando nos adequamos às novas informações, uma nova mudança revela que estávamos errados de novo, e assim por diante. Em termos de estrutura narrativa, The Handmaiden lembra alguns filmes adolescentes trash dos anos 1990 como Garotas Selvagens, cuja intenção era passar a perna no público sucessivas vezes, associando o prazer sexual ao prazer da nova descoberta. Park Chan-wook apresenta um produto de aparência muito mais refinada, com atuações excelentes e cenas eróticas incrivelmente bem filmadas. Mas a história constitui uma travessura juvenil. Quem estiver disposto a embarcar no jogo, pode tirar proveito da jornada de 2h30 de duração. Quem buscar uma adesão aos personagens e um aprofundamento da trama, corre o risco de ficar frustrado. Mesmo com essa crítica do “Adoro Cinema” não muito lisonjeira, recomendo fortemente. 

 

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