À 250 metros acima do solo, em TriBeCa. “É como estar no céu”, no projeto de Richard Mishaan

Na era dos arranha-céus finos e super altos, o 56 Leonard da Herzog & de Meuron se destaca – literalmente. Não apenas porque se ergue 250 metros acima de TriBeCa, bairro de Manhattan, Nova York, conhecido por seus arranha-céus de ferro fundido do século XIX, mas mais ainda por sua forma bizarra. Feito de blocos em balanço desiguais – não há dois andares iguais – o design se torna progressivamente incongruente em direção ao topo. Tomada como um todo, parece instável, e é por isso carinhosamente chamada de torre Jenga, nome de jogo de empilhar blocos. “Este edifício era icônico antes mesmo de ser construído”, diz o designer de interiores Richard Mishaan, que pode ver a expressiva estrutura de concreto e vidro da sala de conferências de seu estúdio no centro. “É um feito extraordinário de engenharia”, completa Mishaan, que projetou um apartamento na torre para uma família jovem. Ele privilegiou a avidez dos pais por arte contemporânea e pedras, ao mesmo tempo em que estimulava as crianças na forma de padrões selvagens e cores vivas. “Você não pode ser muito rígido em um apartamento de família – as crianças precisam ser crianças”, diz ele. Na entrada, criou uma “grande e bela recepção”, com um mural lúdico pintado pelo artista de rua Rostarr, castiçais de coelho de Hubert Le Gall e piso de madeira e mármore que leva à porta do quarto principal, estofada em veludo roxo e adornado com nailheads. “Ao entrar no apartamento, você tem a sensação de que será uma aventura”, diz ele. O living confirma esta noção. A extensão aberta é uma mistura de vermelhos e marrons quentes – “tons de jóias e especiarias”, diz Mishaan – e um teto dourado. Sofás de Liaigre e Romeo Sozzi ancoram o espaço, além de uma escultura de alabastro do artista Manolo Valdés. Mishaan selecionou deliberadamente móveis de grandes dimensões para a sala, a fim de evitar que as peças fossem diminuídas por seus tetos de quatro metros e escala gigantesca. “Esta área é para adultos, mas as cores são alegres, caso as crianças queiram parar e olhar”, diz ele. Como não há paredes nos espaços comuns do apartamento, a integração é perfeita. Como em uma catedral gótica, a sala funciona como uma espécie de abside da qual irradiam as capelas da sala de jantar, da sala de entretenimento e da cozinha. O fascínio dos clientes por pedras preciosas se torna mais pronunciado a cada mudança de cenário. A sala de entretenimento, com seu tapete e mural de malaquita representando um geodo, é a mais literal. “Você tem esse sentimento de pedra, mas eu não queria que fosse como um mausoléu”, diz Mishaan. A luminária da sala de jantar é uma joia em si mesma e uma das principais atrações da casa. Projetada pela arquiteta e artista americana Johanna Grawunder, a peça é composta por duas asas de acrílico penduradas abaixo de um LED laser, que projeta uma linha reta intensa na mesa de jantar de carvalho. Com sua imponente parede de armários azuis, a área da cozinha, que fica ao lado da sala de jantar, dá a sensação de cozinhar dentro de uma safira. E além das portas de veludo roxo acima mencionadas, há uma safira ainda mais viva e intensa: a cama king size e o sofá Theodore Alexander estão estofados em um suntuoso mohair azul royal Maharam. “É como estar no céu”, diz Mishaan. De fato, o apartamento, que fica perto do topo da torre de 57 andares, é alto o suficiente para que seus ocupantes notem ocasionalmente helicópteros voando pelas janelas. Mishaan admite que este projeto foi um dos mais desafiadores de seus 26 anos de carreira como designer de interiores. Equilibrar sofisticação com conforto e função para toda a família e garantir que nenhuma das vistas deslumbrantes do apartamento fosse obstruída era muito complicado. Mas também foi isso que tornou o projeto divertido – quase como um jogo. “Projetar este apartamento”, diz Mishaan, “foi como construir minha própria torre Jenga”. 

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https://www.richardmishaan.com/

via: elledecor.com

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