Cacá Ribeiro em entrevista exclusiva para Hardecor

Cacá Ribeiro tem uma carreira super bem sucedida. Empreendedor nato, é sócio nas casas do grupo Vegas, que detém espaços como Lions Club, Yatch Club, Bar Volt, Cine Joia, entre outros. Paulistano convicto, morador de Higienópolis, bairro tradicional da cidade, Cacá teve a pouco comum e certamente desejada oportunidade de experimentar várias profissões. Ator, produtor, bailarino, dono de boate e agora dono de restaurante e professor. O empresário ministra na Escola São Paulo o curso “Gestão Criativa de Eventos”, e diz que está adorando a experiência. Produtor importantíssimo em São Paulo, Cacá produziu festas que foram sucesso estrondoso. Entre seus clientes, Diesel, Mario Testino, Chandon, Nike, Bulgari, Vogue e muitos outros. Só gente de peso, como o próprio, que não brinca em serviço. Em comum às várias fases de uma vida bem movimentada, o apreço pelo belo, pela arte. Sempre de olho no que é bacana, e no que ainda não é, mas seguramente será, Cacá tem a tranquilidade de fazer escolhas pouco usuais, e aos 50 anos, o filho de D. Madalena, amável e elegante, segue hoje, segundo ele próprio, mais sereno e tranquilo, rumo a novas conquistas. Cacá concedeu, generosamente, longa e exclusiva entrevista a Hardecor, durante um almoço em seu novo empreendimento, o restaurante José, em São Paulo.

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O empresário Cacá Ribeiro.

 

Hardecor: Quem é Cacá Ribeiro hoje?

Cacá Ribeiro: Cacá Ribeiro hoje é uma redução,  já que estamos em um restaurante, do que eu fiz na vida. Quando você chega aos 50, passa a ser tudo aquilo que você já foi. Eu fui muita coisa na vida, fui bailarino, ator, produtor, dono de boate e agora dono de restaurante. Sempre fui uma pessoa muito dinâmica, até hoje me vejo assim, um cara que tenta explorar seus vários talentos. Acho que sou uma pessoa mais íntegra do que sempre fui, porque você vai ficando mais intransigente com aquilo que você gosta ou não, mais tranquilo com o seu sim e com o seu não. Sou esse homem hoje, mais homem, mais adulto do que nunca. Hoje os homens tem dificuldade de crescer, eles não querem crescer. Hoje eu me sinto um adulto muito tranquilo, feliz.

H: Você sente saudade da vida de ator?

CR: Eu sinto saudade de bem pouca coisa. Eu sinto mais saudade das pessoas do que das coisas. Eu voltei a dançar. Meu grupo, Marzipan, que era um ícone nos anos 1980, voltou a se encontrar o ano passado para fazer algumas aulas, e a gente fez um projeto sobre o corpo maduro que dança e que sente prazer  em dançar com suas limitações. Inscrevemos esse projeto no Rumos Itaú Cultural, que é um prestigiadíssimo prêmio de cultura, e dos 20.000 inscritos, o grupo foi um dos 100 contemplados. Na verdade estou matando minha vontade de ser ator, de subir no palco, morrendo de medo, mas também com vontade de me expor.

H: O que te dá prazer hoje?

CR: Me dá prazer a boa comida, a boa bebida, os bons amigos, as boas risadas, a boa arte, o contemporâneo, a boa música, um bom filme, muito prazer de ter a companhia do meu parceiro. Essas coisas bem simples (risos), ou que parecem bem simples. É isso que me dá prazer.

H: Qual foi a festa mais bacana que você já fez?

CR: É difícil eleger a mais bacana, porque devo ter feito mais de 300 festas. Talvez a primeira grande festa, que para mim foi muito surpreendente,  foi uma festa para a Madonna chamada: Será que ela vem?, em 1993. Ganhei prêmios, foi um buchicho. Foi a festa que me lançou na cidade. Fiz todas as festas da Diesel, e todas me deram muito prazer, foi muito legal porque eu tinha muita liberdade, muita verba, o que é bacana porque você pode fazer uma grande festa. Os bailes da Vogue, que foram muito importantes para minha carreira. Fiz a Promenade Chandon na Oscar Freire por 10 anos, uma festa muito grande e muito legal. Fiz festas para Mario Testino, para Gisele Bündchen, uma infinidade de festas legais. Para mim o que era muito interessante no começo era descobrir lugares inusitados para fazer as festas. Eu sempre gostei de lugares públicos, com o maior respeito ao patrimônio, sempre gostei de deslocar um pouco o eixo da diversão em São Paulo. Tirar dos Jardins e botar no Centro. Isso sempre foi uma característica do meu trabalho.

H: Para quem você gostaria de fazer uma festa?

CR: Acho que já fiz todas as festas que eu queria. Mas eu gosto hoje em dia de fazer festas para amigos, amigos que gostam de festejar. Agora, tem lugares que eu gostaria de fazer festas.

H: Algum lugar especial?

CR: São três os lugares onde eu gostaria de fazer uma festa. O saguão do Maksoud Plaza é um lugar divino, onde eu adoraria fazer uma festa. O prédio dos Correios no centro da cidade também me agrada muitíssimo; e lá em cima, na prefeitura de São Paulo, naquele lindo jardim suspenso no Viaduto do Chá.

H: O que nunca pode faltar e o que é proibido em uma festa?

CR: Preconceito acho proibidíssimo, festa é para alargar limites. Não pode ter mau humor. Eu quando me pego mal humorado, vou embora. Festa é para ter alegria, diversão, para ser feliz. O que não pode ter é convidado chato, né? Em lugar nenhum, mas eles se proliferam. Acho que em uma festa a gente devia fazer uma cadeiazinha. Se comportou mal, vai para a cadeia até a festa acabar. (risos) Nas boates a gente tem uma black list. São pessoas que não sabem se comportar. Aqui a gente precisa ter 20 seguranças. Você vai em uma boate fora do país e vê três ou quatro seguranças. As pessoas aqui não sabem respeitar os limites.

H: Como você começou sua coleção de arte?

CR: Bom, eu não chamo o que eu tenho exatamente de coleção de arte.(risos) Eu sempre gostei de arte e sempre fui presenteado por amigos artistas. Nunca gastei muito, na minha casa tem poucas coisas que sejam caras. Talvez algumas tenham se valorizado bastante, mas eu tenho na minha casa aquilo que eu gosto de ter. Não vou a leilões, não considero que tenha uma coleção de arte. Gosto de coisas bonitas, lido com beleza, gosto de arquitetura, design, de coisas antigas, não necessariamente antiguidades, e minha casa tem essa mistura. Desde cedo eu tive esse interesse e acho que vou ter sempre. Tem foto, tem gravura, rabisco, desenho, tem um monte de coisas legais e um monte de cacarecos aos quais eu dou status de obra de arte, até para descontextualizar um pouco. Fico até com raiva de imaginar que eu vou morrer e elas vão ficar lá, todas lindas! (risos)

H: Qual é o seu critério na hora de comprar arte?

CR: Meu olhar. Eu não tenho um critério, é o meu coração. Tem uma linha direta entre o meu olhar e aquilo que me bate no peito. Não obedeço a um padrão. Bom, o único padrão que eu obedeço é quando eu tenho dinheiro, esse é o padrão (risos). Eu gosto de investir meu dinheiro em novos negócios. Gosto de investir aqui, no José. Sou um cara dinâmico, acredito em fazer o dinheiro rodar.

H: Que jovem artista você enxerga como altamente promissor?

CR: Adriano Costa. Adoro desde que ele era jovem, quer dizer, desde que ele era moleque, porque ele continua sendo jovem. Ele é muito bacana, artista da Galeria Mendes Wood, de São Paulo.

H: Cacá, o que significa a casa para você?

CR: Cada vez ela tem mais importância, cada vez eu gosto mais de ficar na minha casa. A casa é meu refúgio, é para onde eu levo os amigos mais íntimos. Como eu tenho outras casas, a minha casa é mais restrita mesmo, eu não recebo muito em casa, recebo apenas uns poucos amigos.

H: Existe uma peça de decoração objeto de desejo para você?

CR: Tem várias coisas no mobiliário nacional que me interessam. Gosto especialmente de cadeiras e banquetas. Não tenho a poltrona Mole (de Sérgio Rodrigues), não tenho a chaise do Niemeyer. São coisas que eu gostaria de ter, mas que eu também posso admirar na casa dos  outros. Essa coisa da posse é uma coisa que você precisa se livrar um pouco. A gente vai ficando velho  e vai querendo coisas, se apegando a coisas caras, e eu gosto de misturar. A última peça que entrou na minha casa foi a banqueta dos pedreiros que achei aqui na obra do José. É linda. Um galerista amigo olhou e falou que é uma obra de arte. Em casa fiz uma coisa bem divertida. Moro em um tríplex, tenho 250 m² e eu não tinha uma área ao ar livre, o que eu acho um contrassenso, e aí eu abri uma varanda em cima e o mundo mudou para mim. Virou outra coisa. Chamei um jovem arquiteto amigo meu, bem jovem mesmo, para decorar minha casa com as coisas que eu já tinha. Com o olhar dele, um olhar mais jovem. Ele usou só o que eu já tinha, sem comprar nada, e mudou a minha casa. Foi uma experiência muito interessante. Os meus amigos dizem que todas as vezes em que eles me visitam, tem alguma coisa diferente, um rearranjo.

H: Você tem um destino recorrente?

CR: Tem 02 lugares que sempre gosto de voltar. Vou bastante para a Bahia, que me agrada muito. Férias para mim tem que ser com coqueiro, na praia. Vou bastante também para o Guarujá na casa do Jorge Freire, um amigo que tem uma casa na península. O pai dele construiu esta casa nos anos 1970, toda de demolição. É uma casa no meio do morro, totalmente isolada, com vista para dois cenários, alto mar e praia. É uma casa tomada pelas plantas tropicais, um lugar que eu adoro, porque é de um amigo querido, aqui perto, chego rápido, fácil. É um refúgio.

H: Dê, por favor, uma dica para os leitores de Hardecor.

CR: Nossa, a gente tem tanta dica para dar. Como paulistano eu diria para andar pelo centro de São Paulo, descobrir a ciclovia, tentar  fazer de nossa cidade uma cidade melhor. Não é uma dica, é um pedido. Prefiro fazer esses pedidos, para que as pessoas aproveitem a cidade, que tentem cuidar minimamente, que joguem um olhar afetivo para cima desta cidade tão dura. Talvez seja isso.

cacaribeiroeventos.com.br

José Bar e Restaurante; Grupo Vegas

escolasaopaulo.org; mendeswooddm.com

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